quinta-feira, 7 de julho de 2011

VI

Aquelas férias, também aquelas férias seriam em tudo diferentes para Carolina e Carlos. Os segundos passavam na visão dos momentos já vividos a dois. Nas imagens dos espelhos que os acompanhavam reflectindo os devaneios românticos e sexuais passados naquele quarto de hotel. Nos sms’s trocados onde eram recordados por palavras meigas aqueles mesmos momentos. Os beijos trocados, as carícias sentidas, os afagos de carinho, a tesão partilhada nos orgasmos fluidos no delírio da paixão. E assim, longe mas perto em pensamento, o tempo decorria na espera do reencontro.
Carolina também ela na sua casa de praia na zona da Ericeira, passava os seus dias com o Manuel, seu marido, por quem nutria um carinho e amizade muito grandes e de quem nunca pensara separar-se. Era o seu companheiro de uma vida. Apoiavam-se mutuamente nos bons e nos maus momentos. Dias iguais a tantos outros já passados naquele casa, naquele lugar não fossem os sms’s de Carlos, aqueles que traziam uma nova forma de ver a vida, de sentir e de pensar.
Preocupava-a agora como iria arranjar oportunidades para se encontrar com o amor da sua vida, pois os testes que andara a fazer já tinham terminado e não sabia como justificar novas saídas a sós sem o marido coisa que normalmente não acontecia. O que dizer? Como fazer? A sua cabeça girava num turbilhão de hipóteses sem que encontrasse uma que fosse plausível.
Foi um verão muito quente aquele de 2005 e no Algarve a temperatura subiu bastante. Carlos já estava habituado a temperaturas altas pois o seu Alentejo também era farto em calor, mesmo assim aquele ano pareceu-lhe mais quente, mais longos os dias. Ao final da tarde ia passear à beira mar imaginando a sua sereia junto dele afagando-lhe o rosto, trazendo uma nova aragem para refrescar o seu pensamento quente de loucura e ardente de paixão. Mas ela apenas estava em pensamento e nada mais.
Nesses passeios Carlos tentava pôr em ordem problemas profissionais que iriam surgir após as férias e que alterariam a sua vida a todos os níveis, inclusive os encontros com Carolina.
Carlos tinha atingido os cinquenta e cinco anos de idade e o governo estava a propor a reforma antecipada aos seus empregados, tendo sido Carlos um dos escolhidos no departamento onde trabalhava. Iria para casa. Sua mulher Isabel ainda trabalhava. Como passaria os seus dias? Como se encontraria com Carolina? E onde? Ficaria para trás aquele quarto de hotel que já parecia ser deles. Parte da sua vida ficava por ali parada no tempo.
- Ai amor estou a sentir a tua boca quente envolvendo o meu pénis erecto para ti.
- Quero beijar a tua ..... doce e sentir o teu ........ só para mim.
Estes e muitos outros eram os sms’s enviados por Carlos que deliciavam Carolina, aos quais respondia com carinho mas moderação, ainda não conseguia expandir assim os seus desejos. Os prazeres já vividos entre eles.
E aqueles intermináveis trinta dias finalmente chegaram ao fim.
Melhores dias viriam. Era o que ambos pensavam.

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