quarta-feira, 29 de junho de 2011

III

Em Carolina e Carlos havia algumas coincidências. Ambos nasceram no distrito de Beja. Ambos residem no distrito de Lisboa. Ambos casados e ambos apenas com um filho.
Carlos tinha uma filha adolescente, estudante com aptidões para o desporto. Carolina tinha um rapaz já empregado, com poucos estudos e uma vivência amorosa bastante recheada.
Tinham um casamento estável de alguns anos, com altos e baixos como todos os casamentos. Casa, carro, vivendo na classe média. Nem alta nem baixa. Média mesmo.
Carolina, miúda inteligente tinha feito os seus estudos nos anos sessenta, com um bom aproveitamento. Empregou-se numa empresa estável onde permaneceu até à ida para a reforma. Reforma antecipada mas desejada por ela que adorava a lida de casa e assim poderia fazê-lo com mais tempo, mais disponibilidade e alegria.
Como nos enganamos. Carolina também se enganou. A vida maravilhosa que sonhava ter depois de reformada, nada teve de maravilha. Os seus dias passaram a ser vividos como se de uma prisioneira se tratasse. Fechada entre quatro paredes, sem direito a qualquer ajuda exterior pois encontrava-se em casa e assim sendo não necessitava de ninguém, supostamente teria tempo, vontade e força para tudo o que surgisse e tivesse que ser feito. A felicidade sonhada estava a tornar-se um pesadelo do qual tinha que sair rapidamente. Com uma imaginação fértil e algum jeito, começou a escrever as suas memórias. Criou um blog com o nome “Viagem ao Passado “, onde foi postando algumas das suas recordações boas e más da vida vivida e passada. Sentia prazer no que se tinha proposto fazer, parecia quase realizada.
Organizou a vida caseira de modo a ter tempo para si e para as suas divagações. Passou a estar mais tempo frente ao computador recebendo e enviando email’s, alguns dos quais bastante interessantes quer a nível pessoal como até intelectual. Outros, meros convites para aceder a sites como hi5, facebook, ortuk, netlog e muitos outros do género. Carolina entrou em quase todos com a ingenuidade que lhe era peculiar sem imaginar que seria num desses sites que viria a encontrar a pessoa que transformaria os seus dias, a sua vida, a sua mente e até a sua personalidade.
Como já tinha referido, foi num site da internet que Carolina e Carlos se conheceram.

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